Uruguay x França

É silencioso o bar um pouco empenumbrado em que  se roem os uruguayos vidrados na pantalla que se puse para el mundial. O vento é forte e frio em junho, então três grandes lonas de caminhão protegem a varanda do boliche, sendo uma parda, outra verde, outra amarela.

Durante a semana eu incentivava nossos amigos da pontadoriograndequenãoébrasil, mas não manisfestavam soberba de vencer a França. Agora, além das lonas, um pano alaranjado termina de encerrar a sombra da luz branca multicolorida do projetor que transforma tudo em imagem para ânsia e impulso latente de garganta atenta em bola rolando em campo de grama mais verde menos verde mais verde menos verde…

Não há, portanto, berros ou palavreado sujo, ao contrário do que estamos acostumados nos butecos em que barrigudos xingam mãe, juiz, adversário e o lateral que nunca acerta a porra do cruzamento! Mas ainda há os dedos nas bocas, as mãos se esfregando, e os pés insistindo no chão.

É tanto silêncio que quase se escuta um coração uruguayo se surpreendendo mais fortemente quando um Anelka erra de fato o cruzamento e quase acerta a meta de Muslera. “Santamariamamamia!” Exclama Roberto Moar, del canal 7.

“No te cagues vo!” E começa o segundo tempo com um erro de ataque uruguayo.

El rubio Forlán leva algum perigo ao barbante Francês.

Amarelo para Victorino depois de uma caneta humilhante em seu companheiro de seleção. Tiro livre disperdiçado por um chute de Ribery mais torto que nariz francês.

Sai González, entra Lodeiro – todo time hispâncio tem um jogador chamado González.

Um erro de saída da França, Forlán inicia um contra-ataque que quase termina em gol com a mão de mateiga do goleiro francês – adepta à culinária nacional…

O camisa 9, Soarez – outro clichê de equipes hispânicas – quase mete a gaúcha no zagueiro francês ( fazendo juz à cultura dos pampas do sul.)

Que hacé loco! Que hacé Loco Abreu – trajando a camisa 13 ( que é Galo à esquerda) depois que Forlán não faz o gol feito! ( O boliche sai do silêncio de vez.)

Anelka sai mancando depois de um cochecito malvado de Lodeiro, recém ingressado en la cancha. Menos um à seleção uruguaya.

Preferem o tabaco à angustia, os uruguayos. Por isso fumam tanto. Enquanto enrolam seus Cerritos ou Peruanos, Henry quase acerta uma de cabeça – igual: estava impedido – talvez por uma cortina de fumaça cheia de melancolia apaixonada de um cidadão uruguayo.

Bate rebate na área uruguaya! Parece a valiza do Tratado de Madrid…

44 do segundo tempo…

Sacárla de ahí, Loco!

Vou al baño aos 47 e, com pressa de não perder nada, saio ainda fechando a barguilha:

“Eh! Loco! Pará! No pazó nada!”

“Soy futbolero”, contesté.

Mas de fato nada aconteceu. Zero a zero, partida de fronteira.

~ por stopo em 11 de junho de 2010.

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